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quarta-feira, 22 de julho de 2015

No tempo antigo I



O garoto acompanhou a turba com interesse até um pequeno monte nos limites da cidade. Ali, prenderam os três homens em cruzes. Após a saída da multidão, de volta para suas casas e afazeres, viu quando outras pessoas chegaram e tiraram a pessoa que estava na cruz do meio. Chegou próximo a eles, sem ser visto.
Estava impactado pelo show de horrores a que foi submetido. Achava errado matar as pessoas e esperava que não passasse mais por aquilo.
Já era noitinha e supôs que sua família estivesse a sua procura. Voltou então para casa, imaginando que alguém, em algum momento, deveria escrever aquela história.





quarta-feira, 8 de julho de 2015

Mãos



Estava transtornado e pensava em morrer. Por isso, saiu pela ruas da metrópole, intentando resolver como e onde se daria a morte. Passava pelas pessoas como zumbi, andando a esmo pelas calçadas.
Em frente a uma praça, foi abordado por uma jovem cigana.
-- Moço, posso ler sua sorte? Sou cigana legítima, meus avós vieram da Romênia há setenta anos, fugindo dos nazistas.
Encarou a moça. Nunca acreditara em premonições e coisas do esoterismo, mas não lhe faltava curiosidade para o novo.
-- Está bem, pode ler.
A moça então pegou sua mão direita e virou a palma para si. Percorreu com os dedos as linhas. Encarou surpresa os olhos do homem e lhe apertou a mão.
-- Eu também estou sozinha.
E continuou apertando a mão do homem, como se não quisesse deixá-lo ir. O olhar da jovem, de um passivo triste, mudou para o anseio.
O homem percebeu quando o olhar da mulher substituiu o da cigana. E certamente ela também percebeu quando os olhos opacos dele vislumbraram o futuro.